textos críticos
O tempo é a matéria-prima essencial da obra visual de Fernando Ekman. Sua pesquisa está voltada justamente para o passado. Isso não significa, porém, que deixe de lado o presente.
Pelo contrário, as suas imagens lidam exatamente como o passado está hoje – ou seja, seu foco é a passagem dos segundos. E cada um deles se soma aos anteriores para deixar marcas indeléveis.
É justamente essas cicatrizes que o artista traz à tona, seja em objetos antigos, brinquedos ou veículos. Seu assunto é trazer o que passou para hoje de modo a gerar uma reflexão que pode ser agradável, mas que também pode gerar dores.
A sua pintura obriga a repensar momentos e decisões. Cada imagem imobiliza o onipresente relógio interno. Impossível olhar para o trabalho de Fernando Ekman sem parar para rever o
nosso interior. Uma arte que provoca essa reação precisa ser revista sempre.
Oscar D’Ambrosio
Fernando Ekman enfoca a cidade mediante detalhes de sua existência, mas que revelam frequentemente aspectos relevantes do todo.
Ele é atraído por ferramentas da construção e da operação urbana tais como a colher de pedreiro, a massa de cimento, a caçamba, as vigas, as chaves de transmissão elétrica, as torneiras que disponibilizam águas, as fechaduras, os cones de borracha que sinalizam trajetos possíveis ou indicam interdição.
Ele é um recriador de coisas aparentemente banais e, assim como Fernando Pessoa, sabe que as coisas não têm significação: têm existência.
E que “as cousas são o único sentido das cousas”, como afirma o poeta.
Enock Sacramento